Em Huanchaco, uma charmosa cidade de pescadores no noroeste do Peru, o Bitcoin se tornou parte do dia a dia da comunidade. O campeonato de surfe Copa Bitcoin 2025 foi um exemplo marcante dessa transformação, unindo esportes, educação e tecnologia para promover a adoção da moeda digital.
Com pouco mais de 30 mil habitantes, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Informática (INEI), Huanchaco, que em quechua significa “lagoa dos peixes dourados”, é famosa pelas suas belas praias e pelos tradicionalíssimos caballitos de totora, uma espécie de embarcação feita de junco que os pescadores usam há gerações. Nos últimos anos, a cidade passou a ser vista também como um laboratório social para novas tecnologias, especialmente o Bitcoin.
A Copa Bitcoin foi um ponto alto, mostrando como a moeda digital pode rodar nas atividades culturais e comerciais. O evento atraiu surfistas, turistas e empresários, reforçando a ideia de que o Bitcoin pode ajudar no desenvolvimento local. As praias vibrantes de Huanchaco também contribuem para essa nova identidade mais cosmopolita.
Bitcoin: da desconfiança à prática
Um exemplo dessa mudança é Claramelia Ludeña Olaya, coordenadora comunitária do Cerrito de la Virgen, um dos bairros de Huanchaco. Ela compartilha que, no início, as pessoas estavam receosas em relação ao Bitcoin, lembrando dos golpes e fraudes que circulam por aí. “No começo, foi complicado e a desconfiança era grande. Com tantos esquemas fraudulentos, não achávamos que isso poderia ser fácil”, conta.
Mas a realidade mudou. Hoje, Claramelia usa carteiras digitais para receber pagos e até converte satoshis – a menor unidade do Bitcoin – em novos soles, a moeda local. E o melhor: ela coordena iniciativas onde crianças recebem pequenas quantias em BTC como incentivo para o aprendizado, mostrando que a educação financeira pode começar bem cedinho.
A ONG Motiv, que trabalha para educar e equipar comunidades com o Bitcoin, tem sido uma parceira importante nesse processo.
Apoio institucional
E esse movimento não fica só no âmbito comunitário. Fernando Cruz, da prefeitura local, destaca que o município atua como um facilitador. Ele acredita que o Bitcoin pode superar barreiras, eliminar intermediários e proporcionar liberdade financeira. A prefeitura tem se empenhado em oferecer estrutura e segurança para eventos como a Copa Bitcoin, colocando Huanchaco no mapa como um polo de inovação.
Um retrato do Peru no mapa cripto
O que acontece em Huanchaco é parte de um fenômeno maior pelo Peru, onde cerca de 1,5 milhão de pessoas já estão envolvidas com criptomoedas. Além disso, bancos como o Banco de Crédito do Peru (BCP) começam a experimentar com pagamentos em Bitcoin, o que mostra uma abertura crescente para a tecnologia.
A experiência de Huanchaco é um exemplo inspirador de como comunidades podem se beneficiar do Bitcoin. Iniciativas locais que unem esporte, cultura e educação estão mostrando que a adoção dessa moeda pode trazer muitos benefícios. Assim, Huanchaco se inspira em cidades como Rolante e Jericoacoara no Brasil, além de outras regiões ao redor do mundo, que também estão integrando o Bitcoin a suas economias, atraindo turismo e fomentando ambientes de inovação e descentralização.
